O Mundo Gira, A Lusitana Roda…

2011/04/04

DOMINGÃO DO FEIÃO

Filed under: Mentes brilhantes — trezende2013 @ 08:33

Domingo micado e chuvoso. Você liga a TV já ciente de que não encontrará a salvação sob os botões do controle remoto. Por um descuido ou sei lá o quê você aperta o canal 2: TV Câmara. E a surpresa: Fabrício Carpinejar. O programa: “Sempre Um Papo”.
Jornalista, poeta, cronista, autor de 13 livros, ganhador do Prêmio Jabuti 2009 por “Canalha!” e filho do acadêmico Carlos Nejar, ele discorria sobre seu tema preferido: o amor e suas intrigas.
Fabrício é daquelas pessoas que gostaríamos de passar horas e horas só ouvindo. Só absorvendo inteligência.
Mesmo com o bonde andando foi possível encontrar a salvação. Graças a Fabrício, que combina sua observação do comportamento humano com a capacidade de traduzí-lo em palavras com humor, clareza e sem dano à veracidade. Isso é talento.
Feio, feiíssimo, mas de uma criatividade e sensibilidade raras, ele tira de letra até o fato de ser desprovido de beleza. Disse que vê com pena quem tem cabelo. “O careca tem só rosto. Tu pode beijar nas costas da cabeça e ainda é rosto”.
Quando fala do encantamento e das dores do amor – terreno em que a graça precisa ser adicionada na dose exata – ele também saca suas piadas: “Nenhuma mulher resiste a um homem com um saco de carvão”. Para exemplificar, descreveu uma cena num supermercado em que um homem joga o saco de carvão na esteira e tira as notas amassadas do bolso, “como se não precisasse do dinheiro”.
Fabrício também faz revelações. Segundo ele, a mulher jura que o marido está pulando a cerca quando compra cueca nova ou troca de perfume. Mas para Fabrício essas não são “suspeitas do desamor”. Um homem está traindo quando se lembra de cortar as unhas dos pés.
Fabrício sabe do que está falando. Só quem já viveu a vida – e não apenas passou por ela – é capaz de descrevê-la tão bem.
Outra fabriciana: “No amor a gente é terrorista fracassado. Em todo momento a gente quer explodir. É tudo blefe. É o único blefe em que a gente não ganha o pôquer”.
E, por fim, para refletir: “O colo é o sofá do corpo. É onde você pensa que não vai fazer nada e é onde tudo acontece”.
Boa segunda-feira!

3 Comentários »

  1. Recentemente li o livro “Canalha!”, do Carpinejar. Fiquei impressionado com a inteligência e a perspicácia com que ele narra o cotidiano das pessoas. Algumas vezes já o vi em programas de tv e estou de pleno acordo com a sua opinião. Eita sujeitinho feio!
    Beijo,
    José Rezende

    Comentário por José Rezende — 2011/04/04 @ 10:50

  2. Carpinejar é brilhante e magnético mesmo, Tati. Já ouvi algumas entrevistas com ele e fiquei, como você, relembrando tudo que disse.

    Versos dele:
    “O porão tem vida própria e respira
    o que jogamos fora.”

    E não é?

    Nejar , pai, é autor de um dos mais belos poemas da língua portuguesa, em minha modesta opinião: “Luiz Vaz de Camões”. Amo.

    Beijocas.

    Comentário por Selma Barcellos — 2011/04/04 @ 15:31

  3. Poxa, nem conhecia o Oscar Wilde brasileiro…

    Comentário por Ricardo Rezende — 2011/04/04 @ 23:33


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