O Mundo Gira, A Lusitana Roda…

2009/10/19

PÉ NO PEDAL, OLHO NO RETROVISOR

Filed under: Matutando — trezende2013 @ 07:43

placauniverso

ampulheta

Dia desses, no blog “Diário de Uma Jovem de 50 Anos”, a amiga Picida fazia um balanço do ano. Lamentava-se da correria do dia-a-dia, das promessas e dos planos frustrados. Ao relembrar-se do glamour do tradicional Baile do Havaí de Ibitinga veio a pergunta, com um quê de lamento nostálgico: “O que vai ser tradicional daqui há algum tempo?”.
Picida, fique tranquila, estamos cada vez mais tradicionais.
Esse comportamento existe e veio para ficar, mas é preciso entender que ele é decorrente de um erro de informação: o de que vivemos num mundo globalizado.
O senso comum usa a expressão “mundo globalizado” quase que como um pleonasmo, mas a verdade é que o passado foi nosso maior momento de integração – e ninguém se deu conta disso. As mulheres já se descabelaram pelos mesmos astros, os homens já lutaram pelas mesmas causas, frequentaram os mesmos festivais de música e até usaram as mesmas bocas-de-sino.
Que paradoxo. Se o planeta é “globalizado”, por que as pessoas fazem parte de grupos cada vez menores e com nomenclaturas específicas? Que raio de globalização é essa?
Meu lado Nostradamus aponta para um ciclo de constantes retornos às tradições – justamente pela falta de “parâmetros universais”.
É certo também que entenderemos por tradicional apenas o que foi produzido até o século 20, já que a segmentação que domina o mundo de hoje não possibilitará – ou tornará muito difícil – às novas gerações produzir novas tradições.
Será praticamente impossível surgir um novo Michael Jackson ou algum artista com um comportamento global. Sem desmerecer a genialidade de Michael, ele teve seu espaço no olimpo porque nossas opções eram muito restritas.
O tempo histórico demanda uma nova classificação. Ele não pode mais ser contado como A.C. e D.C., mas como A.I e D.I (antes e depois da Internet). Sem ela vivíamos como numa grande aldeia global.
E essa onda tradicionalista já começou – principalmente entre os jovens que têm um pensamento Mallu Magalhães de “nasci na época errada”. Na Inglaterra e nos Estados Unidos a moda entre as adolescentes é fazer tricô. Incomodada ficava a sua avó, porque agora tricotar é chique e fashion.
No Brasil não é diferente. Há uma turma – cuja denominação me escapa – usando óculos antigos, quadradões, deixando a barba crescer, vestindo-se de maneira mais sóbria e ouvindo Bob Dylan. Quase uma caricatura de avô.
Essa vida em guetos é boa? Ruim? Nós nos tornaremos reféns do passado? Só o tempo vai nos dizer. Enquanto isso, brindemos com Fanta Uva e biscoitos Globo.

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